A acessibilidade é uma obrigatoriedade em todo o comércio. Além de atender às legislações que garantam direitos à pessoa com deficiência, é uma forma de deixar a loja inclusiva e aberta para todos os consumidores, sem exceção.
Para manter uma loja 100% acessível é preciso conhecer as leis locais e federais e estar disposto a melhorar a estrutura física sempre que se deparar com uma condição de exclusão.
É um direito fundamental de toda pessoa ter acesso livre ao comércio, seja qual for as suas condições. Sendo assim, a acessibilidade precisa ser garantida.
Como está a acessibilidade da sua loja? Você sabia que está em discussão a obrigatoriedade de o varejo disponibilizar informativos em braile aos clientes? Então, siga a leitura que é sobre isso o nosso bate-papo de hoje.
Acessibilidade em pauta
Muitas localidades contam com normas variadas sobre a acessibilidade no comércio e em espaços públicos. É muito importante estar atento a essas legislações, tanto na esfera municipal, estadual e federal, para não deixar nada passar.
Seria muito constrangedor ser autuado em uma fiscalização de órgãos de Defesa do Consumidor e da Pessoa com Deficiência por não honrar com a acessibilidade. Ou ainda receber um cliente com deficiência e privá-lo de efetuar a compra por não garantir o atendimento adequado.
Por isso, esteja sempre em dia com as exigências. Entre as normas mais recentes, passou a ser discutida no Congresso Nacional uma proposta que obriga o pequeno e médio varejista a incluir informações em braille nas gôndolas.
De acordo com o texto, os varejistas deverão ser obrigados a fixar em braille informações contidas nas prateleiras e gôndolas de padarias, supermercados, farmácias, estabelecimentos comerciais e similares para atender pessoas com deficiência visual.
Além disso, os funcionários desses estabelecimentos deverão ser capacitados para acompanhar e auxiliar pessoas com deficiência visual.
A justificativa do projeto é que as informações em braille vão possibilitar a pessoas com deficiências visuais mais uma opção para a autonomia necessária no dia a dia e inclusão do público.
O projeto de lei 5755/2023 foi protocolado no ano passado e aguarda apreciação da Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) para depois ser levado a plenário para votação dos deputados federais.
Antes de iniciar o planejamento para ampliar a acessibilidade na loja, sugerimos dar uma lida no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que rege as diretrizes para garantia de igualdade e inclusão das pessoas com deficiência.
Como promover acessibilidade no varejo
Antes mesmo de entender como as regras funcionam, o ideal é que você compreenda bem o seu público. Quais as limitações que os seus clientes têm, se você costuma receber clientes com determinado tipo de deficiência e se já passou por dificuldades para concluir esse atendimento.
É preciso sempre se colocar no lugar do outro para conseguir melhorar os processos da loja e acolher da melhor forma os consumidores com deficiência. Dito isso, hora de pensar na acessibilidade estruturalmente:
1. Acessibilidade arquitetônica
A legislação federal estabelece que o comércio deve estar adaptado de forma a eliminar qualquer obstáculo na arquitetura do estabelecimento, que dificulte o acesso da pessoa com deficiência.
Isso vale para a construção de rampas de acesso, corrimão, banheiros adaptados, piso tátil, portas e corredores mais espaçosos para que os cadeirantes tenham melhor mobilidade para fazer manobras, se for o caso.
Em regra, as principais determinações de acessibilidade no comércio são:
- Rampas nas entradas e saídas da loja;
- 5% dos sanitários com barras de apoio, piso nivelado e espaço para manobra de cadeirantes;
- Vagas exclusivas para pessoas com deficiência e idosos;
- Área de circulação da loja com medidas mínimas de 0,80m X 1,20m;
- Piso e sinalização tátil nas áreas de circulação de pedestres;
- Sinalização sonora para situações de emergência.
Não se esqueça ainda que consumidores com qualquer tipo de deficiência têm prioridade no atendimento.
Reserve uma área do checkout para atender prioritariamente esse público. Ah! As áreas de atendimento prioritário precisam ser devidamente sinalizadas.
2. Acessibilidade digital
A inclusão da pessoa com deficiência também deve ser assegurada por meio da acessibilidade digital. As tecnologias e a comunicação digitalizada da loja precisam estar acessíveis a todos.
O seu e-commerce conta com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, por exemplo? Hora de pensar sobre isso! Comece a fazer agora mesmo uma avaliação completa da acessibilidade na sua loja, identificando eventuais barreiras físicas e digitais.
Veja em seguida algumas dicas de acessibilidade digital:
- Legenda em vídeos;
- Descrição das imagens;
- Textos com áudios
- Funcionalidades acessíveis por teclado.
3. Sinalização inclusiva
Coloque no seu PDV uma sinalização clara e de fácil compreensão. Importante que essa identificação tenha um contraste entre o texto e o fundo, porque acaba auxiliando pessoas com deficiência visual.
A comunicação precisa ser inclusiva a fim de oferecer informações por meio de sinais visuais, sonoros e escritos. Que tal se antecipar na comunicação em braille, antes de virar lei e uma obrigatoriedade?
4. Permanência de cão-guia
O seu negócio é pet friendly? Ainda que não seja, você precisa abrir exceção para pessoas com deficiência visual acompanhadas de cão-guia.
Recentemente, uma Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa com Deficiência recomendou a uma Associação Comercial divulgar comunicado acerca da necessidade de permitir a presença de cão-guia, a fim de orientar os comerciantes.
A medida foi adotada após denúncia recebida pelo Ministério Público de violação do direito no comércio local.
Vale reforçar que o direito foi instituído por meio de lei em 2005 dispondo que as pessoas com deficiência visual têm o direito de ingressar e de permanecer com o animal em todos os meios de transporte e em estabelecimentos de uso coletivo.
5. Feedbacks do consumidor
Ninguém melhor que o consumidor para te falar onde você precisa melhorar e onde a acessibilidade está deixando a desejar. Abra o diálogo com o seu público, principalmente com os consumidores com deficiência, para receber esses feedbacks.
Analise ainda a possibilidade de fazer parcerias com entidades representativas locais, que estão relacionadas com a acessibilidade, para que você possa trocar ideias e receber orientações para implementar ações mais inclusivas no seu negócio.
6. Vagas PCD
Para se aproximar mais do cliente com deficiência e ampliar a acessibilidade, uma ótima sugestão é aumentar as oportunidades de trabalho na sua loja para os funcionários com deficiência.
Amplie a quantidade de vagas PCD disponíveis, por exemplo. Isso contribuirá para uma identificação mais profunda entre o consumidor e a loja.
Além disso, a convivência diária com essas necessidades vai permitir que toda a equipe tenha maior humanização no atendimento às pessoas com deficiência.
Você ainda pode contratar funcionários intérpretes de Libras para suprir essa demanda da clientela.
Promover a acessibilidade na sua loja, além de inclusivo e consciente, pode se tornar uma decisão comercialmente estratégica e lucrativa para o seu negócio. Loja com acessibilidade ganha crédito no mercado e a preferência do cliente com deficiência.
Até a próxima!
- Conteúdo desenvolvido pela Universidade Martins do Varejo – UMV.