Cases da Páscoa: o que o mercado deixou de aprendizado em 2021

Tempo de Leitura: 7 minutos
mini ovos de chocolate no carrinho de supermercado

Sumário

Atenção: a promoção “Choco Cash” não está mais vigente. Antes de apresentarmos os cases da Páscoa deste ano, preste atenção nesta informação que acabou de sair do forno.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) firmaram um acordo prorrogando a permanência dos produtos de Páscoa nos pontos de venda.

Isso mesmo que você leu. Se você ainda tem estoque da Páscoa, aproveite a oportunidade para comercializar os itens por mais duas semanas.

O objetivo é alcançar os consumidores que não conseguiram comprar produtos na data. Isso devido às restrições de funcionamento do comércio de muitas cidades do país por conta da Covid-19.

Agora sim vamos falar sobre o tema de hoje. O mercado varejista e o setor produtivo sofreram para garantir o faturamento da Páscoa em tempos de pandemia.

O segmento não se deixou abater e, a partir das experiências de 2020, promoveu ações para driblar a crise, podendo ser consideradas cases da Páscoa.

Se você também traçou um novo plano de vendas para sua loja, é provável que tenha obtido alguma margem de lucro. Neste texto, vamos mostrar um pouco das experiências de quem apostou as fichas acompanhando as mudanças do mercado.

Melhores resultados

Não se esperava indicadores expressivos para este ano, porém o saldo ficou longe de ser negativo. De acordo com o Serasa Experian, a semana da Páscoa registrou aumento de 1,9% nas vendas do varejo físico. O índice foi aferido entre os dias 29 de março e 4 de abril, quando foi celebrado o Domingo de Páscoa no Brasil.

O percentual parece pequeno, mas vem sendo comemorado diante ao trágico índice registrado no mesmo período de 2020, quando a queda nas vendas chegou a quase 24%. Esse dado foi o pior de toda a série histórica do indicador. Já outras pesquisas apontaram queda superior a 30%.

Uma das mudanças de um ano para o outro é que o consumidor deixou de fazer as compras de Páscoa no fim de semana da data para se antecipar alguns dias. E se de um lado o comportamento de consumo está mudando, do outro os fabricantes e os varejistas precisaram recriar estratégias para conquistar o consumidor final.

Páscoa 2020 X Páscoa 2021

Em comum, os dois períodos tiveram a pandemia e as consequências sofridas pelo comércio. A diferença é que a anterior tudo ainda era muito desconhecido para o empresariado.

E quase não deu tempo de pensar estrategicamente a curto prazo, já que a exigência da quarentena deixou muitos lojistas de portas fechadas às vésperas ou durante a Páscoa.

No ano passado, a pandemia começou logo quando os estabelecimentos já haviam preparado o sortimento sazonal e complementado os estoques. A Abicab e a Abras, na tentativa desesperada de reverter a situação crítica que se aproximava, criaram às pressas a campanha #VaiterPáscoa.

A ideia era incentivar nos pontos de vendas e canais digitais a celebração e o consumo para a data mesmo com o isolamento social. Porém, mesmo com todos os esforços do setor, os resultados não foram bons.

Este ano, a indústria de chocolates ficou mais otimista para a Páscoa e o sentimento foi automaticamente transferido ao varejo e parceiros. As principais fabricantes chegaram a inovar em algumas ações para trazer ainda mais resultados para o setor.

Uma das mais importantes estratégias foi diversificar os canais de venda, ampliando as vendas online. O e-commerce tornou-se um grande aliado e se estabelece como forte tendência para os próximos anos, uma vez que muitos consumidores que antes não compravam virtualmente, agora têm segurança para tal.

Tendências que se estabeleceram em 2021

chocolate derretido

Com a experiência de 2020, as empresas então passaram a se planejar melhor e adaptaram as linhas de produção para garantir, sobretudo, a segurança dos colaboradores e dos produtos ofertados à população.

2020 foi um aprendizado e deixou algumas lições para que os consumidores no ano seguinte estivessem mais felizes e satisfeitos. Satisfação em razão da compra e felicidade associada ao consumo do produto, porque chocolate é símbolo clássico de Páscoa e remete à ideia de presentear, consequentemente à ideia de felicidade.

Por isso, vamos pontuar algumas das principais tendências observadas em análise feita pela Castelli Escola Chocolateria e que se tornaram cases da Páscoa para muitas empresas do ramo.

1. Segurança do consumidor

O distanciamento social e locais limpos, higienizados e organizados são mais do que regras. São pré-requisitos para permitir que o shopper se sinta seguro nas compras. Fabricantes e parceiros varejistas tiveram a ideia de fugir daquela tradicional parreira suspensa de ovos de chocolate, que geram aglomeração, e optar por criar gôndolas e barracas com produtos ao ar livre, na área externa das lojas.

2. Faça você mesmo

Nós já falamos algumas vezes sobre esse assunto por aqui, mas é porque de fato ele está em ascensão. No setor de doces e confeitaria, não é diferente. Quem poupou um pouco mais e buscou as tradicionais receitas de chocolate caseiro foi às compras de insumos para preparar o ovo em casa.

Alguns para consumo próprio e outros para vender os itens artesanais. Aí, as empresas investiram mais em kits para a produção artesanal ou finalização de produtos em casa.

3. Consumidor omnichannel

Por mais que o e-commerce despontou no último ano, o varejo alimentar teve uma grande relevância no ponto de venda, já que também é atividade essencial e não sofreu diretamente com as restrições de fechamento do comércio.

Na Páscoa, alguns compraram os próprios produtos na loja e outros optaram pela compra virtual. Dessa forma fortalece no varejo a ideia do shopper omnichannel, ou seja, multicanal.

4. Redes sociais

As lojas passaram a melhorar os atendimentos para vendas online, reduzindo prazos de entrega e investindo em embalagens seguras para o transporte dos itens. Uma estratégia muito utilizada foi a parceria com influenciadores digitais para divulgar a marca e os produtos.

Cases da Páscoa

Compartilhamos com vocês dois cases da Páscoa que servem como aprendizado e inspiração para o mercado. São histórias de empresas que se reinventaram este ano para amenizar os efeitos da crise vivida desde a Páscoa do ano passado. Vamos lá!

Produtos plant-based

Outra forte tendência observada na Páscoa 2021 foi a aquisição de produtos e derivados à base de plantas (plant-based). Com os hábitos alimentares da população preocupada com a saúde mudando, essa categoria ganhou espaço nas gôndolas.

Pensando nesse público consumidor, a Nestlé informou nas semanas anteriores à Páscoa que irá investir na ampliação do portfólio com 12 novos produtos plant-based, que serão lançados ainda neste ano.

O intuito é captar o público crescente de pessoas que reduziram o consumo de itens de origem animal para consumir os alimentos com origem vegetal.

Ações promocionais e cashback

A realização de ações promocionais também deu o pontapé na competitividade nesta Páscoa. São estratégicas de marketing que podem até parecer um clichê, mas desta vez ajudou a incentivar ainda mais o consumo nas compras de última hora em busca de preços mais acessíveis.

Ponto para a Nestlé e a Garoto que, nesta Páscoa, apostaram no cashback para prender o consumidor às marcas do grupo. Nomeada como “Choco Cash”, a ação promocional em parceria com o PicPay consiste no retorno de 50% nas compras de chocolates, com valor máximo de até R$30.

Os participantes precisavam apenas cadastrar o cupom fiscal no site oficial da promoção e os valores a serem reembolsados vão direto para a conta do consumidor na carteira digital do PicPay. O cadastro para reembolso segue até o fim de maio.

Essa é uma ótima oportunidade para você divulgar a informação na sua loja e fomentar a venda desses produtos pós-Páscoa. Mas antes, certifique o estoque e vá às compras. Reforçando que a promoção não vale para ovos, mas para barras de chocolate, caixas de bombom, chocolates avulsos, tabletes de chocolate etc.

Por falar nisso, priorize na sua lista de compras para a loja produtos Nestlé, Garoto e Lacta porque são essas marcas que lideram as intenções quando o assunto é chocolate e ovos de Páscoa.

Já anote aí para poder considerar na próxima Páscoa estratégias para a sua loja pensando nesses rótulos e tentando parcerias com fornecedores.

Resposta positiva do mercado

Os investimentos feitos pela Nestlé foram certeiros. O CEO Mark Schneider comentou que embora 2020 tenha sido um ano de dificuldades, a empresa apresentou crescimento orgânico e rentabilidade pelo terceiro ano consecutivo.

Mantendo o foco na sustentabilidade e investindo nas transformações de consumo, as expectativas para 2021 continuam sendo ainda melhores.

Responsabilidade social

A preocupação com a saúde e o ambiente coletivo se tornou ainda mais evidente neste período de crise sanitária. As empresas que mais se destacam são aquelas que associam as marcas com ações sociais e ambientais.

Depois do sufoco que enfrentamos para se prevenir do contágio da Covid-19, muitos consumidores permanecerão priorizando a saúde e a coletividade. As principais marcas de chocolates estiveram atentas a isso e reforçaram suas ações sociais.

A Cacau Show chegou a doar nesta Páscoa cerca de R$1,4 milhão em chocolates para hospitais, postos de saúde e instituições de caridade do Brasil. A Lacta, que antes tinha o costume de fazer a doação de cerca de 10 mil ovos de chocolate dentro do projeto Páscoa Solidária, neste ano estendeu a ação para a doação de cerca de 500 mil ovos de Páscoa.

A Nestlé também criou uma ação solidária especial e online neste ano. O público poderia fazer a doação de qualquer valor e tudo o que foi arrecadado foi revertido para a compra de ovos e caixas de bombom doadas para as crianças em vulnerabilidade social. A contrapartida para o consumidor era cupons de 10% de descontos na loja própria da Nestlé com entregas para todo o Brasil.

Aceleração digital

A Nestlé também aproveitou a aceleração digital proporcionada pela pandemia para direcionar os investimentos para esse setor. De olho no e-commerce, o grupo expandiu o próprio site e otimizou as entregas para todo o Brasil e lançou o site KitKat Chocolatory. A KitKat tem mais de 60 variedades de chocolates e a loja virtual vende todas as variedades da marca.

Ao Ig, o diretor de marketing de Chocolates Nestlé no Brasil, Leandro Cervi, explicou sobre a aposta nos brindes digitais dentro dos ovos como um QR Code que dá acesso direto a um game.

Todas essas experiências que contamos para você servem de consulta para ajudar a pensar nas próximas ações com produtos da categoria chocolate, além da Páscoa de 2022.

São cases da Páscoa que se inspiraram nas tendências do mercado e que as fabricantes viram grande potencial de venda.

O fato é que a pandemia da Covid-19 não criou novos hábitos no consumo alimentar, mas impulsionou diversas tendências que já eram sinalizadas pelo mercado, mas só agora se consolidaram. Anote cada uma delas e acerte nas suas ações!

Falando em pandemia, aproveite para ler sobre as expectativas de como será a experiência do usuário no varejo pós-crise.

  • Conteúdo desenvolvido pela Universidade Martins do Varejo – UMV.
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