Os prejuízos com golpes, furtos e prazo de validade curtos são um grande impasse para o varejo. A solução? Não há outra senão investir em um bom programa de prevenção de perdas.
De acordo com a 6ª Pesquisa Abrappe de Perdas no Varejo, no ano passado, a média de perdas no varejo brasileiro alcançou um índice de 1,48%. Esse percentual parece mínimo, né?
Mas em termos nominais representa aproximadamente R$ 31,7 bilhões de todo o faturamento anual do varejo. Além disso, esse índice aumentou 22% em relação à pesquisa de 2021.
Pense com a gente: qual setor da sua loja detém a maior perda? Por que isso está acontecendo? Qual o reflexo no seu faturamento? A prevenção de perdas é a forma mais eficaz de reduzir os seus riscos e é sobre ela que vamos conversar hoje.
Prevenção de perdas no varejo
Quando falamos em prevenção de perdas estamos tratando de um conjunto de normas e procedimentos que tendem a reduzir esse tipo de prejuízo na loja.
É o processo utilizado pelo lojista para combater o desperdício de produtos perecíveis, fraudes, furtos e tantas outras perdas internas e externas. A prevenção de perdas precisa ser executada com métodos que sejam efetivos para antever ou minimizar o risco de perda.
Uma rotina de prevenção de perdas na loja garante boas margens de lucro para o lojista e a estabilização dos preços para o consumidor, já que o varejista não necessitará de recomposição.
Além disso, demonstra para o cliente a preocupação que a sua marca tem em oferecer mercadorias de qualidade e de forma organizada.
Afinal, o que são as perdas no varejo?
As perdas no varejo podem ocorrer por razões externas ou por causa de erros de processos internos. Estima-se que 67% das perdas acontecem em razão dos processos internos e os outros 33% de perdas externas.
Existem ao menos cinco principais tipos de perdas no varejo, que são:
- Perdas comerciais: quando ocorre ruptura por causas de embalagens inadequadas, falha na reposição ou na entrega do fornecedor.
- Perdas administrativas: em virtude de falhas no gerenciamento da operação da loja como erro de precificação, de cadastro de produto, desperdícios entre outros.
- Perdas de produtividade: quando não há padronização dos processos operacionais. Por exemplo, uma demora no atendimento.
- Perdas financeiras: são as ocasionadas principalmente por assaltos e furtos no estabelecimento, fraude com cartões e inadimplência.
- Perdas operacionais: acontecem em razão da operação da loja como armazenamento e exposição inadequados dos produtos
Ranking de perdas
De acordo com o ranking de perdas da Abrappe, os canais onde se concentram os maiores percentuais de perdas, sejam internas ou externas, são:
- Mercado (loja de vizinhança) – 3,07%
- Supermercado Convencional – 2,37%
- Perfumarias – 2,33%
- Varejo de Artigos de Esporte – 1,65%
- Construção e Lar – 1,25%
- Drogarias – 1,02%
- Atacado/Atacarejos – 1,02%
Como fazer prevenção de perdas
Uma boa rotina de prevenção de perdas esbarra em um quesito fundamental: capacitação da equipe. Se a conscientização sobre perdas não for unânime, aderida por todos, os erros continuarão acontecendo.
Então o primeiro passo é conseguir fazer uma mudança cultural para que todos entendam a importância de respeitar os processos de gestão de estoque e reposição. Além disso, estar sempre atento a possíveis furtos na loja.
Algumas ações e ferramentas podem ser bastante úteis nesse processo. Uma delas é o inventário, que contabiliza todas as mercadorias e bens da sua loja por meio de identificação, contagem e registro dos itens.
Faça ainda inspeções periódicas no estoque e no armazém para identificar eventuais embalagens danificadas, mercadorias misturadas e produtos expostos a ambientes insalubres.
Também é importante contar com um controle detalhado das compras recebidas para já identificar no ato da entrega as irregularidades.
A prevenção de perdas pode ser impactada ainda na política de troca e devolução da loja. O recomendável é que essa troca de produto seja acompanhada de perto para que a mercadoria possa ser reconduzida ao estoque ou devolvida aos fabricantes.
Por fim, atenção maior ao estoque! Já falamos sobre isso por aqui, mas não tem nada demais reforçar. O estoque deve ser organizado, limpo e arejado assim evita danos e perdas de produtos.
Erros mais comuns
Para exemplificar melhor o tema, vamos analisar algumas situações hipotéticas e que se transformam nos erros mais comuns do processo de prevenção de perdas.
Situação 1:
João tem um supermercado e vem notando nos últimos meses que as contas não estão batendo. O dinheiro que entra está aquém do esperado para o mês. Ele então passa a ficar de olho e identifica ruptura de perecíveis, começa a monitorar, mas a receita continua incompatível.
Nesse caso, o que aconteceu no supermercado de João é que ele conseguiu mensurar as perdas, mas não definiu uma meta de perda. Sem meta de redução de perdas, o processo não anda.
Situação 2:
A nova loja de informática da Paulina foi instalada próximo a uma região em que o índice de furtos e roubos é alto. Ela então treinou todos os funcionários para se conscientizarem sobre as ações de prevenção de perdas. Mas na prática, não funcionou. Em menos de 3 meses, a loja foi furtada cinco vezes.
O que pode ter acontecido é a falta da criação de um departamento de prevenção de perdas na loja, com profissionais dedicados ao processo. Assim, uma equipe tem autoridade para pontuar as ações, mas precisa dos demais funcionários colaborando com as instruções.
Perdas são inevitáveis!
Todo lojista precisa ter consciência de que perdas fazem parte de todo e qualquer segmento de varejo e elas são inevitáveis. O que podemos fazer, como vimos no artigo de hoje, é atuar para que elas impactem o mínimo possível no faturamento.
Para isso, precisamos identificar onde estão as perdas, definir metas de redução e criar soluções internas e externas para minimizá-las. Só assim, a loja conseguirá atingir melhorias nos resultados.
E aí? Você já consegue identificar onde há ruptura e onde as perdas estão acontecendo dentro do seu estabelecimento? Então, mãos à obra e vamos resolver esse problema agora mesmo.
Até a próxima!
- Conteúdo desenvolvido pela Universidade Martins do Varejo – UMV.