Você já pensou que a promoção de saúde mental no trabalho é sinônimo de economia para a sua empresa? Hoje vamos ver juntos como o cuidado com o bem-estar da equipe pode virar a chave nos negócios. E mais: quais ações devem fazer parte dessa estratégia.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a economia global deixa de ganhar 1 trilhão de dólares por ano devido a perda de produtividade. No Brasil, essas perdas são da ordem de 78 bilhões de dólares anuais, conforme a London School of Economics.
Para se ter uma ideia, esse valor é maior que a economia gerada pelo setor público em 2021. No último ano, as receitas superaram as despesas desse segmento no país em menos de 65 bilhões de dólares.
Mas o que ocasiona essa redução de produtividade? Entre as principais causas estão a ansiedade, a depressão e a síndrome de burnout. Estima-se que 18,6 milhões de brasileiros enfrentam níveis altos de ansiedade. Nas Américas, os transtornos mentais correspondem a um terço dos diagnósticos incapacitantes.
Agora, veja por outro ângulo. A OMS constatou que desenvolver políticas de saúde mental no trabalho pode, inclusive, vir a ser lucrativo. A cada R$ 5 que você investe na saúde mental no trabalho, sua empresa tem um retorno estimado de R$20. Tudo isso porque com o aumento da qualidade de vida, a produtividade da sua equipe também tende a crescer.
O executivo de Gente & Gestão do Martins, Jorge Feliciano, garante que cuidar da saúde mental no trabalho traz inúmeros benefícios. “Vale e deve valer sempre a pena cuidar das pessoas. É o maior patrimônio que uma organização tem- seja pequeno, médio ou grande empresário.”
A rotina da saúde mental no trabalho
E talvez aqui, nesse ponto da conversa, você se pergunte se tudo isso não passa de uma fase. Será que, com a Covid-19, vimos surgir outra epidemia, mas ligada à saúde mental?
A especialista em gestão empresarial Roselúci Jardim ressalta que a deterioração da saúde mental no trabalho não é assunto novo. “Essa questão já existia antes da pandemia, mas a pandemia intensificou a experiência de sofrimento pela qual todos nós passamos”, disse em entrevista ao canal da Universidade Martins de Varejo (UMV) no Youtube.
Como mostram diversas pesquisas realizadas nos últimos anos, os casos de transtornos mentais têm aumentado. Se há uma epidemia também nesse setor, ela vem se desenvolvendo e expandindo bem antes de 2020.
Pois Roselúci também nos traz dados mais específicos sobre isso com a pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC). A apuração foi realizada em parceria com a empresa de recrutamento Talenses Group. Na abordagem, foram ouvidos profissionais atuantes no mercado de trabalho.
Conforme o levantamento, 49% dos entrevistados em 2019 relataram crises de ansiedade. Em 2021, essa percepção passou para 69%. Em relação à depressão, a taxa foi de 24% para 39% em dois anos.
Dos 573 participantes da pesquisa da FDC, 74% afirmaram que a pandemia contribuiu para prejudicar a saúde mental no trabalho. Dessa forma, eles se consideram menos produtivos, desmotivados e mais irritados.
Além disso, 53% conhecem alguém que teve síndrome de burnout. Outros 36% conhecem um profissional que pediu demissão por não suportar o aumento da pressão no trabalho durante a pandemia.
“Isso significa que houve uma sensível piora no clima, e o clima é um dos elementos mais importantes para satisfação, produtividade e retenção de talentos dentro das organizações”, reforça a especialista.
Saúde mental no trabalho e absenteísmo
Logo, a pesquisadora da London School of Economics, Sara Evans-Lacko, observa que a falta de suporte afasta os profissionais. Em contrapartida, a postura contrária por parte da empresa pode combater o absenteísmo nas equipes.
“Se um funcionário com depressão trabalha em um lugar sem nenhum apoio do gestor ou o gestor evita falar da depressão, ele tem mais chances de tirar licença médica no trabalho.”
Na pesquisa FDC/Talenses, 32% dos entrevistados disseram não ter nenhum tipo de apoio do gestor. Outros 12% responderam que nem a empresa nem o gestor dão suporte aos colaboradores. Apenas um terço sente que atua em um local preparado para favorecer a saúde mental no trabalho.
Para se ter uma ideia, mais de 576 mil trabalhadores se afastaram em 2020 devido a transtornos mentais. De acordo com a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, houve uma alta de 26% em relação a 2019.
Ainda conforme o órgão, episódios depressivos motivaram 30,67% dos pagamentos de auxílio-doença não relacionados a acidentes de trabalho. Já os transtornos de ansiedade aparecem na sequência, com 17,9% dos casos. Em média, cada afastamento dura 196 dias.
Quer outro fato? Em janeiro deste ano, a síndrome de burnout entrou para a lista da OMS de doenças ligadas ao trabalho. Até então, esse esgotamento físico e mental era caracterizado como fenômeno ocupacional, mas o que impacta essa mudança de reconhecimento?
“Para o trabalhador, ampara a denúncia e estimula que respeite seus próprios limites. E, para os magistrados, por estar diretamente relacionado ao trabalho, possibilitará nexo de causalidade, que liga o efeito à causa. É importante que trabalhadores e empresas priorizem a prevenção para que os níveis de burnout no Brasil possam ser reduzidos dos 32%, indicados em recente pesquisa”, declarou Ana Maria Rossi, presidente da associação brasileira integrante da International Stress Management, Isma-BR.
Saúde mental no trabalho também é prevenção
A situação atual é preocupante, mas a psicóloga Claudia Martini lembra que nem tudo está perdido. “Existem problemas, mas há recursos para que você possa tratar, aprender a conviver e cuidar disso”, garante a profissional.
E esses recursos passam por uma mudança de postura na sua relação com os colaboradores e funcionários. Afinal, não basta deixar o cuidado com a saúde mental no trabalho apenas no discurso.
Cinco ações em prol da saúde mental no trabalho
A seguir, separamos cinco ações essenciais para que sua empresa promova ações voltadas para a saúde mental no trabalho. Sendo assim, elas nortearão os demais processos no PDV. Vamos conferir!
1. Raio-X do ambiente de trabalho
Identifique os pontos fortes e os pontos a serem melhorados no ambiente da empresa. Para isso, deixe claro quais os canais de comunicação mantidos junto à equipe. Nessa fase, faça um mapeamento comportamental;
2. Seja transparente e presente
Caro gestor, acostume-se a falar abertamente sobre questões que envolvem saúde mental do trabalho. Procure desenvolver um interesse genuíno pelo bem-estar da equipe. Esteja aberto para ouvi-los, corrigi-los e apoiá-los;
3. Comunique-se
Busque manter a equipe atualizada com planejamento e orientações quanto a imprevistos e prazos. Afinal, um ambiente em que as regras estão sobre a mesa trazem conforto para quem nele trabalha;
4. Firme parcerias
Procure empresas com expertise para promover ações voltadas para a saúde mental no trabalho, como terapias e até diagnóstico de problemas;
5. Estrutura oferecida à equipe
O espaço para lanches e refeições está em condições adequadas? O mobiliário da empresa colabora com o bem-estar físico? Ter cuidado com os ambientes de convivência também faz parte da saúde mental no trabalho.
Sobre isso, o médico e professor Arthur Guerra disse, em sua coluna na Forbes, que as empresas precisam adotar uma política permanente de educação para a higiene e saúde mental.
Com base nessas cinco diretrizes, temos certeza de que o clima na sua empresa será ótimo. A partir delas, você poderá elaborar muitas outras ações, conforme as características que mapeamos aqui.
Antes de ir, aproveite também para ler nosso material sobre os tipos de feedbacks para funcionários. Neste conteúdo, você encontra técnicas poderosas que o aproximam ainda mais da sua equipe.
Assista também o webinar completo da UMV no Youtube sobre saúde mental e sua importância no varejo.
Até a próxima!
- Conteúdo desenvolvido pela Universidade Martins do Varejo – UMV.